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domingo, 12 de dezembro de 2010

Falar do Feminino

Através de pesquisa não encontrei grande conteúdo sobre como treinar equipas femininas de futsal, por isso este artigo será apenas baseado na minha experiencia como treinador e observador de equipas femininas.
Passei quatro anos como treinador da equipa feminina da Pindelo Associação Recreativa e Cultural. Começamos no 1º Campeonato da A.F.Aveiro. Na altura estavam a começar a ser dados os primeiros cursos de futsal, por isso nós os treinadores pouca experiência tínhamos sobre como treinar esta modalidade.
Quando me fizeram o convite, aceitei porque sempre achei ter algumas capacidades pessoais para liderar. No 1º ano a minha liderança passou mais por ser um amigo do que propriamente um treinador, mas rapidamente me apercebi que para ensinar é preciso ter formação. Foi então que comecei por tirar o curso de 1º nível e de seguida o de 2º nível.
Treinar equipas femininas é diferente de treinar masculinos, quer sejam da formação quer sejam seniores. Posso fazer esta afirmação porque depois de treinar femininos também já treinei masculinos na formação e nos seniores.
As atletas femininas não abundam como os atletas masculinos, daí a dificuldade maior da formação das equipas. Este facto é muito importante, pois por serem em menos quantidade equitativamente serão mais escassas em qualidade. Significa da parte do treinador tentar aproveitar e rentabilizar ao máximo as atletas que vai ter ao seu dispor. Também irá acontecer uma maior dificuldade na preparação dos treinos pelas dificuldades técnicas entre as melhores e as que têm menos qualidades, pois a realidade é que praticamente não existe formação no feminino.
As mulheres têm menos 30% de força que os homens, por isso o ritmo e a intensidade dos jogos naturalmente serão menores.
Pela minha experiência poderemos ir buscar pormenores de treino da formação masculina nos escalões iniciados e juvenis e adapta-los às equipas femininas seniores, pois julgo serem os mais parecidos.
Quando as equipas têm alguma atleta com talento acima da média, logo aí fica marcada uma grande diferença.
Ainda um outro pormenor talvez o mais importante, as atletas femininas em motivação e alegria nos treinos são de longe superiores aos atletas masculinos.
Em relação aos campeonatos julgo terem vindo a ser mais competitivos, frutos de um maior número de atletas a aderirem ao futsal, e também da melhoria dos treinadores através da sua formação.


quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Mil visitas


Não posso ficar indiferente ao atingir as 1000 visitas, pois apenas passaram pouco mais de dois meses e meio da criação do blogue.
A criação deste espaço tinha como objectivo “ajudar” todos os que gostam desta modalidade.
Através de opiniões em áreas diversas, mas sempre de forma construtiva, os artigos são criados de maneira a que os interessados possam ter uma base para pensarem, evoluírem e criarem processos com os quais se tornem mais competentes e mais capazes.
Tenho humildade suficiente para dizer que ainda tenho muito que aprender sobre esta modalidade que tanto gosto, apenas transmito opiniões sobre a minha realidade.
Para finalizar quero agradecer as manifestações de carinho e os parabéns pelo trabalho já realizado.
A todos os que me têm visitado, fico grato e espero que o continuem a fazer, pois criam ainda mais motivação para continuar com este projecto.
Sei que a responsabilidade é ainda maior mas vou tentar corresponder falando mais nas “Movimentações” no Futsal.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

ESPAÇO LÚDICO NO TREINO

“A palavra lúdico vem do latim ludus e significa brincar. Neste brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e divertimentos e é relativa também à conduta daquele que joga, que brinca e que se diverte. Por sua vez, a função educativa do jogo oportuna a aprendizagem do indivíduo, seu saber, seu conhecimento e sua compreensão de mundo.”
“Brincar é também raciocinar, descobrir, persistir e perseverar; aprender a perder percebendo que haverá novas oportunidades para ganhar; esforçar-se, ter paciência, não desistindo facilmente. Brincar é viver criativamente no mundo.”
“Ludico é a forma de desenvolver a criatividade, os conhecimentos, raciocínio de qualquer pessoa através de jogos…”
Todos sabemos a importância da motivação para treinar. As épocas são longas e por vezes os resultados, os adversários ou o facto de ser menos utilizado, são factores que levam a uma menor motivação para o treino.
A criatividade e a capacidade do treinador em desenvolver métodos de treino que incentivem ou motivem os atletas para o trabalho torna-se de todo importante. O melhor processo será utilizar na parte inicial do treino (no designado aquecimento), jogos com a componente lúdica para abrir a motivação. Com a capacidade e a qualidade do treinador, podem ser desenvolvidos processos em que através destes jogos, o atleta possa fazer o seu aquecimento “brincando” e ao mesmo tempo desenvolver métodos adaptados aquilo que se pretende para a sua evolução.
                                                  JR

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A importância de escolher um bom treinador

A procura de um bom treinador não é tarefa fácil, pois sabemos que até nos grandes clubes as escolhas nem sempre são acertadas.
É de todo importante definir qual o tipo de padrão pretendido.
Se for para os escalões mais baixos da formação, pretende-se que o treinador tenha métodos criativos adaptados aos processos de treino. O trabalho lúdico tem uma forte componente de estimulação para os mais jovens. Julgo ser de todo importante que o treinador consiga formar uma equipa técnica composta por pessoas com alguma sensibilidade no trabalho com as crianças, com paciência nos processos de acompanhamento, demonstrando respeito igual por todos. Se o grupo for grande, também será necessárias mais pessoas na formação das equipas técnicas, para que todos se sintam acompanhados no desenrolar dos treinos.
Nos escalões de Juvenis e Juniores, o padrão pretendido será o de um treinador formador de atletas com espírito competitivo e com algum rigor ao nível do comportamento. Nestes escalões julgo já não ser muito importante a formação de grandes equipas técnicas, pois os jovens já são conhecedores de processos em que valorizam ou desvalorizam os técnicos consoante o seu interesse.
Seniores
Preparado para ser treinador!?
Os clubes dentro do possível procuram encontrar o “treinador ideal”.
Costumo dizer que os treinadores não são melhores nem piores, são diferentes; mas também será bom dizer que apesar de diferentes, existem treinadores com bastantes conhecimentos e que fazem uma busca contínua de conhecimento, de forma a realizarem trabalhos com bastante qualidade e competência. Nem sempre são esses os que têm mais conhecimentos, que conseguem alcançar os êxitos, pois para serem treinadores vencedores, existem muitos outros factores que são determinantes. Costuma-se dizer que sem ovos não se fazem omeletas, para construirmos equipas fortes e competitivas, só o conhecimento não chega (ajuda mas não chega), pois será necessário existir um grupo de trabalho com bastante qualidade e humildade, para se alcançarem épocas ganhadoras.
Os discursos dos dirigentes no inicio visam o trabalho e as alegrias que irão encontrar durante a competição; pois mas as alegrias passam pelas vitórias. Num campeonato só vai existir um campeão, ora e os outros serão todos perdedores?
Gostava de deixar duas notas no ar para analisarem!
Ø Na formação – trabalhos fora do contexto e da necessidade para o desenvolvimento humano e desportivo das crianças e jovens.
Ø Seniores – por vezes o treinador é encontrado por amizade ou influência de este ou aquele director. E se depois durante a competição, as coisas correrem mal e não se notar trabalho, são esses mesmos directores os primeiros a criticar, dizendo:
- Mas quem trouxe este “gajo” para aqui? Não percebe nada disto, até eu fazia melhor do que ele!
                                                                                                          JR

domingo, 24 de outubro de 2010

talento precoce ou antes mais talento que a maioria!

Não vou desenvolver muito os conhecimentos sobre talento precoce mas através da pesquisa anotei alguns que são bastante curiosos.
    Iniciação desportiva é o período em que a criança inicia a prática regular e orientada de uma ou mais modalidades desportivas, sendo que o objectivo imediato é dar continuidade ao seu desenvolvimento de forma integral, não implicando em competições regulares. Pode-se entender que a iniciação desportiva é o período em que a criança começa a aprender, de forma específica e planejada, a prática desportiva. Contudo, é necessário que se conheçam e respeitem suas características para que ela não seja transformada em um mini adulto (RAMOS e NEVES, 2008).
    Já a especialização precoce é o termo utilizado para expressar o processo pelo qual crianças tornam-se especializadas em um determinado desporto mais cedo do que a idade apropriada para tal (RAMOS e NEVES, 2008).
Com efeito, sabe-se que a especialização desportiva precoce encontra respaldo significativo em professores, pais e dirigentes desportivos que, observando um grande potencial na criança, preocupam-se em demasia com a elevação do seu rendimento e incentivam a obtenção de títulos e recordes com o objectivo explícito de adquirir resultados em curto prazo na modalidade. Assim, pode-se dizer que o desporto na infância é um fenómeno muito complexo, que não pode ser reduzido a um pensamento simplista, como a tradicional selecção desportiva e a tradicional eleição de um modelo ideal de atleta (RAMOS e NEVES, 2008).
Em uma conversa com um dos professores dos meus cursos de treinador, falava-mos sobre o meu projecto de trabalho para a formação, quando abordamos o tema do talento acima da média.
O professor achava que os atletas com mais talento deveriam passar de imediato para o escalão acima, eu disse que tinha uma opinião um pouco diferente, pois achava que eles deveriam continuar no seu escalão e periodicamente participarem em treinos e jogos do escalão acima do seu.
Como referi no meu trabalho para a formação, os atletas tem de fazer um trabalho adequado a cada escalão.
Pois se pensarmos em mudar os atletas para um escalão superior, o que irá acontecer é que se esses atletas avançarem como irão desenvolver esse trabalho?
A pedagogia do rendimento orienta-se pelo processo em que as crianças são submetidas a treinos e competições exacerbadas antes da idade adequada para tal, assim despreza-se a riqueza das práticas lúdicas em nome da preparação de futuros atletas (RAMOS e NEVES, 2008).

É bom para o atleta que ele sinta as suas capacidades, pois no seu escalão tem a oportunidade de as avaliar jogando com jovens da sua idade. O treinador não deve esquecer quais os princípios de trabalho para a sua evolução, assim como o grupo de trabalho poderá beneficiar da participação de um colega, que lhes possa transmitir confiança assim como ajuda no processo de treino e melhoria colectiva.
As idas periódicas ao escalão acima do seu, deve ser concertado para que a sua integração possa acontecer de forma positiva e evolutiva.
Existem alguns clubes que utilizam na sua organização de trabalho na formação, um processo que julgo ser o mais adequado. Os treinadores do escalão inferior são colaboradores ou adjuntos do escalão acima do deles.
Exemplo: o treinador dos iniciados ser adjunto do treinador do escalão dos juvenis.
Com isto pode haver um acompanhamento dos seus atletas, que periodicamente treinem no escalão acima do deles. Também ficam identificados com o trabalho que esta a ser feito e as dificuldades encontradas pelos seus atletas, pois o trabalho dos atletas passa a ter um grau de dificuldade maior.
"O bom treinador é aquele que prescinde dos resultados competitivos sob a necessidade de trabalhar e formar os seus atletas com a finalidade de vir a colher todos esses frutos anos mais tarde"

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Os árbitros e a sua relação com os treinadores e os atletas

           
De um curso de Árbitros de voleibol.
Perfil de um Árbitro:
·       Gostar do que faz
·       Ter bons conhecimentos técnicos
·       Honestidade
·       Concentração e atenção
·       Imparcialidade
·       Confiança e serenidade com os jogadores
·       Respeito
·       Correcção
·       Boa apresentação
·       Estabelecer boas relações com todos os intervenientes do jogo
·       Admitir que errou quando se apercebeu de tal
·       Ser soberano nas suas decisões, nunca cedendo a pressões
·       Mostrar grande sentido de responsabilidade
A tudo isto poderemos acrescentar mais uma quantidade de qualidades que podem tornar a sua tarefa mais facilitada:
Condição Física do árbitro de Hóquei em Patins
“ Existe uma forte relação entre as capacidades psicológicas e a performance física dos árbitros. Deste modo, o sucesso ou insucesso de um árbitro depende das suas capacidades físicas (preparação para as exigências de um desporto em particular, técnicas e mecânicas, capacidades visuais) e mentais (confiança, concentração, controlo emocional).”

“Um bom nível de Condição Física, permite ao árbitro maior capacidade de concentração e uma intervenção mais oportuna e correcta nas acções do jogo.”

Por fim do livro leis do Futsal chamo a atenção para a lei 5- o árbitro
·       A autoridade do árbitro
O jogo disputa-se sob o controle dum árbitro que dispõe de toda a autoridade necessária para velar pela aplicação das Leis do Jogo no quadro do jogo que é chamado a dirigir, desde a sua entrada no recinto onde se encontra o rectângulo de jogo e acaba quando o tiver abandonado.

Depois as competências e obrigações que não vou estar aqui a enunciar, mas que podem consultar, e por fim se não estou já ultrapassado nos conhecimentos:
·       Decisões do árbitro
As decisões do árbitro sobre os factos relacionados com o jogo não têm apelo.

Depois de todo este conhecimento sobre os árbitros gostava de fazer um comentário sobre a relação entre árbitros, treinadores e atletas:
Ser árbitro não é tarefa fácil, pois para além de toda a envolvência desde a chegada até ao seu abandono das instalações e apesar de toda a autoridade, ele é quase sempre um alvo em exposição.
A pressão que lhes é imposta pelos adeptos, que na sua maioria vão assistir aos jogos não para verem o espectáculo, mas sim para verem a sua equipa a vencer, torna-se em mais uma dificuldade. Pois tem que manter sempre a serenidade de forma a não perder o controlo emocional.
A parte mais exigente prende-se com o jogo e as tomadas de decisão, que bem ou mal podem condicionar esse mesmo desenrolar do jogo.
Na condução de um jogo, por vezes existem situações de interpretação diferente pelos intervenientes (neste caso árbitro, treinador e atleta.). Se o árbitro como dizia mais atrás, mostrar sentido de responsabilidade, com autoridade, conseguirá de certeza resolver as situações conflituosas e manter o respeito dos intervenientes. Tal como o árbitro o treinador deverá ser conhecedor das regras dos jogos, e transmitir esses conhecimentos os seus atletas, facilitando a tarefa do árbitro.
Conhecendo o temperamento dos nossos atletas também nos cabem a nós treinadores, desenvolver processos de melhoria nas reacções perante situações onde a decisão do árbitro não foi correcta e em nosso favor.
Costumo dizer que quando as decisões são erradas e a nosso favor, ficamos a reclamar e aborrecidos, e se for errada e a nosso favor?
Pela minha experiencia ao longo destes anos, julgo que a atitude mais correcta perante a arbitragem, é deixar que façam o trabalho deles e preocuparmo-nos mais com o nosso desempenho. Já arbitrei jogos e sei o quanto é difícil não errar. Nós treinadores e atletas também erramos, por isso há que deixar os árbitros fazerem também o melhor dentro das suas capacidades.
Para finalizar gostaria de falar na minha relação com os árbitros durante estes 10 anos. Apesar de ter sentido algumas vezes ter sido prejudicado em algumas situações, também não seria correcto não dizer, que também fui em outras beneficiado. Não sou amigo pessoal de nenhum árbitro, mas com aqueles que me conhecem e se chegam perto, a todos respeito e sinto que sou respeitado.
 Nunca fui advertido nem castigado, isto talvez seja o melhor que tenho de registo na minha carreira, pois ainda não cheguei aos títulos.

domingo, 10 de outubro de 2010

Projecto de trabalho para formação remodelado 2010 (cont.) final

Familiares dos atletas

 

Gostava de começar por um comentário que vi há dias numa visita a um site sobre futsal.
Um novo fenómeno social que tem vindo a crescer cada vez mais.
Os clubes de futsal começaram a apostar mais nos escalões de formação e com isto assiste-se a uma correria de pais ou familiares a acompanharem os jovens aos pavilhões. O facto de poderem jogar à bola em uma modalidade parecida com o futebol e ainda por cima abrigados, acabam por ser factores determinantes.
Quando entregais os vossos filhos para a prática do desporto, passam a existir dois aspectos muito importantes:
O aspecto desportivo) - Onde pretendem que eles sejam grandes atletas no imediato, jogando sempre e marcando muitos golos?
Bom, isto não parece ser mau, mas no processo de desenvolvimento desportivo existem várias etapas, e é necessário que em cada etapa se faça um trabalho correcto para uma boa evolução. Com isto não se retira a vontade de ganhar, pretende-se é ganhar evoluindo.
E no aspecto social) - É talvez a parte mais importante, as crianças nestas idades atravessam mudanças acentuadas, começam por sair do aconchego do lar, para outros meios, como a escola, a catequese e o desporto. Portanto é necessário um trabalho de orientação com muita atenção, carinho e respeito (neste particular nós directores, treinadores e vós pais e familiares, o exemplo conta muito). Também é importante lembrar o comportamento que vós tendes nos treinos e em especial nos jogos, onde existe uma maior exposição social. É importante o apoio às nossas crianças, mas não devemos nunca esquecer o respeito pelos outros, muito em especial pelas outras crianças (atletas adversários).
Da minha experiencia como treinador da formação gostava de falar em dois acontecimentos.
Durante um treino nas escolinhas um dos pais de inicio começou por se sentar perto do banco dos atletas, e sempre que a bola chegava perto do filho, já ele gritava o que ele deveria fazer, e se não executava bem então ele já nem gritava, repreendia-o.
Lógico será dizer que depois de uma conversa com ele, a sua atitude melhorou substancialmente.
Um outro acontecimento este por sinal bem positivo, ao assistir também a um jogo de escolinhas, a equipa que se tinha deslocado, portanto não a da casa, trazia uma claque composta na maioria por mães dos atletas. Manifestava-se em festa incentivando a sua equipa, mais até aplaudiam as crianças adversárias mostrando respeito e carinho.
Serve com isto dizer que existem sempre aspectos a ter em conta, quando lidamos com crianças e jovens. Como antes já disse, pois irão ficar marcados quer pelas coisas positivas assim como as negativas.
Com a criação de um projecto de trabalho para a formação, também fica aberto um espaço para os pais e familiares dos atletas, pois quanto maior for o vosso envolvimento, maior será a identificação com a colectividade; portanto maior será o seu crescimento.
É necessário que este envolvimento, esteja programado e seja bem orientado, para que este crescimento aconteça com naturalidade e de forma bem conseguida
                                              José Resende


segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Projecto de trabalho para formação remodelado 2010 (cont.)

                                   Atletas
                      Um atleta necessita:
a)  Ambição e desejo de ser bem sucedido.
b) Confiança pessoal.
c)  Sentir-se bem com todo o grupo.
d) Boa forma física.
Depois de ter falado sobre dirigentes e treinadores, chega a vez dos atletas. Não vou alongar-me muito vou apenas referenciar alguns aspectos que considero serem os mais importantes.
Como em tudo na vida existem regras, a prática de futsal num clube requer da parte dos atletas um cumprimento de deveres e obrigações, para que todos se sintam tratados de forma igual.
Do livro de Isabel Mesquita “A Pedagogia do Treino”
Modelo de contrato de atleta:
1) Conduta geral (pressupostos para a construção da “Atitude Mental” do atleta)
-- Principio fundamental –
O meu principal objectivo é tornar-me no melhor jogador possível. Apenas eu sou responsável pelas minhas atitudes e como tal devo empenhar-me totalmente no sentido de dar o meu maior contributo.
2) Conduta ao serviço do clube (deveres e direitos).
 -- Principio fundamental –
Comportar-me de forma digna, inspirando respeito por mim próprio, pelos colegas e pelo clube que represento. Nunca me posso esquecer que estou a representar o clube e que todas as atitudes que tomo são avaliadas enquanto atleta do clube e não em meu nome pessoal.
3) Conduta no treino
-- Principio fundamental –
O treino é antes de tudo o processo que permite ao atleta evoluir; da forma como treino decorre vai depender tudo o que a equipa aprende e é capaz de jogar, ou seja, joga-se aquilo que se treina!
Assim é da responsabilidade de todos os atletas dar o seu melhor no treino, através de um esforço sincero e de um grande espírito de entre-ajuda.
4) Conduta no jogo.
-- Principio fundamental –
O jogo é o momento em que todo o nosso sacrifício tem a sua recompensa. Para que esta surja temos de dar o nosso melhor, lutando sempre pela vitória, independentemente do resultado em cada momento.
                                                           

Do meu trabalho de Projecto para a Formação de 2006 criei o Regulamento Interno Desportivo que julgo possa servir de base para qualquer clube.

REGULAMENTO INTERNO DESPORTIVO
Com o crescimento e envolvimento na nossa colectividade, foi criado este regulamento para esclarecimento das tarefas, competências e deveres de cada elemento pertencente a toda a dinâmica do clube.
Quem decide:
v As linhas de orientação serão dadas pela direcção, assim como a distribuição de lugares pelos vários escalões.
v Em cada escalão haverá um responsável directivo, que trabalhará em conjunto com a equipa técnica e fará a ligação com a direcção.
v O líder do grupo de trabalho de cada escalão, será sempre o treinador.
v Qualquer situação que tenha de ser resolvida, será tomada primeiro pelo treinador, se necessário em conjunto com o responsável directivo daquele escalão, ou sendo mais grave em conjunto com a direcção.
Obrigações de todos:
v Representar a colectividade com empenho, dignidade, dedicação e respeito.
v Respeitar os adversários, equipas de arbitragem, público e imprensa, evitando situações desagradáveis para a colectividade.
Objectivos e deveres dos atletas:
·       Respeitar integralmente dirigentes, treinadores, massagista e pessoal de apoio à colectividade.
·       Praticar o respeito mútuo para com os colegas de equipa, quer em deslocações quer nos balneários, nos jogos, nos treinos etc.
·       Criar hábitos de orientação para o futuro:
Organização – escola, catequese, tarefas caseiras, treinos e jogos. O mais importante será sempre o aproveitamento escolar.
·    Ter um grande empenho e uma grande dedicação quer nos treinos, quer nos jogos.
·     Ter espírito de sacrifício, sentido de entreajuda e ser solidário.
Treinos
·     À hora do inicio do treino, o atleta deverá estar devidamente equipado, para isso deverá chegar com a devida antecipação.
·     Os atletas só poderão entrar no recinto de jogo para o treino, à hora marcada e acompanhados pelo respectivo treinador.
·     Antes de cada treino, o atleta deve registar a sua presença na respectiva ficha.
·     Todos os atletas serão responsáveis pelo material e equipamentos distribuídos, cabendo a responsabilidade final aos respectivos treinadores.
·     Qualquer impedimento por motivo de força maior, deverá ser comunicado à equipa técnica se possível 24 horas antes do jogo ou treino.
·     Se o atleta se encontrar lesionado, deve seguir as indicações dadas pela equipa técnica.
·     Não será permitido utilizar auscultadores de musica e telemóvel 15 minutos antes do inicio dos treinos e 45 minutos antes dos jogos.
·     Os atletas deverão ser cuidadosos na manutenção do seu equipamento e instalações da colectividade.
·     A falta aos jogos e treinos sem autorização, será punida gravemente.
Saídas e jogos em casa
·     Horários para as concentrações indicados pela equipa técnica, deverão ser cumpridos. O não cumprimento dos horários poderá levar a que o ou os atletas não façam parte da comitiva.
·     Nas saídas é obrigatório o uso dos equipamentos distribuídos pela colectividade.
·     Os atletas deverão ter um comportamento e postura, correctos e condignos, dentro dos autocarros, carrinhas do clube ou outras viaturas, que os transportem para as actividades da colectividade.

                           Responsabilidade

Ø  Compete à colectividade conduzir os processos relacionados com atletas lesionados.
Ø  Será da responsabilidade dos atletas os maus comportamentos e afirmações proferidas tanto à imprensa como ao público.
Ø  Cartões amarelos ou vermelhos injustificados, serão alvo de análise e poderão ser punidos consoante a sua gravidade.
Ø  Outros comportamentos incorrectos serão também analisados e punidos conforme a gravidade.
Ø  Os treinadores são sempre responsáveis pela conduta e rendimento dos atletas perante a direcção.
Ø  Fazer testes, treinar ou transferir para outro clube, só com a devida autorização do presidente da direcção.
-os casos omissos neste regulamento serão alvo de apreciação e decisão da direcção da colectividade.
É frequente verificar o fracasso de atletas, dada a incapacidade de dominar a vontade, a aplicação, o espírito de sacrifício a ansiedade ou a tensão para treinar ou competir; deve-se ensinar que o êxito consiste em lutar ao máximo para conseguir a vitória.
Pretende-se que sejas um jovem atleta inteligente, humilde, disciplinado, trabalhador, competitivo, agressivo, com espírito de sacrifício e de cooperação. Desta forma serás um atleta ganhador e um verdadeiro campeão.
O desejo de vencer nasce com quase todos nós, a vontade de vencer é uma questão de treino, a maneira de vencer á uma questão de honra.”



terça-feira, 21 de setembro de 2010

Projecto de trabalho para formação remodelado 2010 (cont.)

Ser treinador da formação requer um trabalho adequado e específico a cada escalão, pois só assim se conseguirá trabalhar positivamente todos os aspectos da evolução do atleta jovem.
De um documento sobre desporto jovem:
                       ASSIM NÃO VALE!
_  Encarar as crianças e os jovens como adultos mais pequenos e fazer com eles o mesmo que se faz com atletas seniores;
_  Não ensinar correctamente as técnicas e privilegiar os factores específicos da condição física, sem dar o devido relevo à condição física geral;
_  Procurar desenvolver os pontos fortes e desprezar os aspectos que necessitam de desenvolvimento ou aperfeiçoamento;
_  Criticar mais do que elogiar;
_  Desprezar a componente lúdica da prática desportiva em prol da preparação individual e individualista;
_  Usar apenas a recompensa externa (medalhas, taças, dinheiro) como motivação;
_  Desprezar os jovens que não ganham, elogiando apenas aqueles que obtêm vitórias;
_  Transformar o desporto na única preocupação da vida do jovem;
_  Desenvolver no jovem a ideia de “ganhar a qualquer preço” como garante de uma boa atitude;
_  Definir objectivos para o treino de jovens esquecendo os jovens e as suas necessidades e interesses.
                            Quem proceder deste modo, está a transformar o desporto num instrumento perverso, que pode mesmo chegar a “fazer mal” aos jovens que a ele aderem.
                                                                                                               IDP
Seria bom que os clubes com escalões de formação, conseguissem encontrar uma pessoa com conhecimentos e capacidade para fazer o trabalho de coordenador.
O coordenador tem de fazer uso desses conhecimentos, para elaborar e apresentar um trabalho a ser desenvolvido num clube, para que possa haver crescimento.
Também a organização e o planeamento serão fundamentais para que esse trabalho se desenvolva.
Do meu projecto de coordenador de 2006, destaco três documentos, que servem de base para o trabalho dos treinadores.
                                       Técnica
Em todos os escalões a técnica tem que ser trabalhada, porque é um dos factores mais importantes do atleta no jogo.
Na formação inicial, a técnica individual será cuidada a um trabalho gradual. Desde a condução de bola até ao remate, do passe, da recepção ao drible, tudo tem de ser trabalhado.
·        Escolinhas: o trabalho deve ser desenvolvido de forma lenta, pela dificuldade natural que as crianças têm, haverá exercícios criados “passivos”, que depois poderão acrescentar movimento. Tem de haver da parte dos treinadores muita paciência e vontade, para ajudar os atletas a evoluir e não querer fazer avançar estes processos aceleradamente, pois nesta fase é importante que as crianças aprendam correctamente
·       Infantis: será talvez o período que poderá enriquecer mais os atletas, porque a par do desenvolvimento físico, trabalhado de forma correcta, os atletas combinam bem esse factor com a técnica. Já são dotados de um maior equilíbrio, elasticidade, lateralidade flexibilidade, etc. pois são a base para uma rápida evolução técnica.
·       Iniciados e Juvenis: dá-se uma rápida transformação corporal (física), que também aliado a ao trabalho feito até aí, a técnica vai-se apurando cada vez mais. Vai aparecendo mais rapidez na execução, mais violência no remate, mais precisão no passe, tudo isto sendo bem trabalhado, deverá acontecer com naturalidade.
·       Juniores: o trabalho da técnica individual será igual ao dos seniores, com rigor e com empenho, para serem ultrapassados com menor dificuldade as situações mais difíceis que lhes possam aparecer no jogo.
“O sucesso sempre foi fácil de medir, é a distância entre as origens de uma pessoa e aquilo que ela alcançou”
                                                                          JR

“Táctica”
 
 Tal como na técnica, o trabalho táctico também tem etapas adaptadas a cada escalão. Deverá ser um trabalho progressivo e orientado no sentido de que os atletas cheguem aos juniores com todos os princípios básicos bem definidos. Não podemos querer que miúdos dos escalões infantis ou iniciados já saibam jogar em sistemas 3*1, 4*0 mas sim que possam começar a defender todos atrás da linha da bola, que possam dar e receber na frente, fazer movimentações em paralelas ou diagonais e outros factores que deverão ser trabalhados nestas idades.
·        Escolinhas: Muita variedade de jogos e com poucas regras, pois no inicio eles nem sequer as regras do futsal conhecem. Adaptar processos de jogo em que cada um joga num determinado espaço, mas não muito longe uns dos outros. Incentivar a que joguem fazendo passes e não só a dar pontapés para a frente. Rodá-los em todas as posições de jogo, defender sempre o homem que tem a bola e acima de tudo ajudar a que entendam o conceito de defesa e de atacante.
·        Infantis: Criar hábitos de jogo em equipa e não ao individualismo, tabelas simples dar e receber na frente, jogo apoiado, defender misto zona homem a homem, defender todos atrás da linha da bola exercendo sempre a pressão sobre o homem da bola. Um canto e livre estudado, treino de 10 metros, entradas no segundo poste.
·        Iniciados: Continuar com o trabalho dos infantis acrescentando mais alguns lances de estratégia cantos, livres, pontapés lateral, uma bola de saída e também uma bola de saída directa do guarda-redes. Dar inicio ás movimentações com paralelas e diagonais simples e depois introduzir o batimento no apoio com entradas ao segundo poste. Defensivamente marcação individual equilibrada com coberturas e bastante pressão sobre o homem da bola.
·         Juvenis: Continuar todo o trabalho até aqui já criado e acrescentar mais uma ou duas saídas de pressão, saídas directas do guarda-redes também mais uma ou duas. Manutenção do sistema com paralelas e diagonais. Dar mais relevo às coberturas defensivas e ao apoio ofensivo.
·        Juniores: Todos os princípios já estabelecidos com ritmo de treino intenso e muito parecido com os seniores.

      “A evolução é o objectivo da vida. A procura do aperfeiçoamento é o nosso grande objectivo.”

                                         JR

Capacidades motoras
       Para os treinadores as capacidades motoras são talvez o factor de maior dificuldade de trabalho, pois será necessário conjugar este factor com o trabalho da técnica e da táctica. Obriga a um estudo mais pormenorizado daquilo que pretendemos, com a durabilidade dos exercícios, onde teremos de ter em conta a intensidade e o volume de trabalho. É que o trabalho físico tem que ser desenvolvido de forma adequada a cada escalão para haver uma evolução correcta e contínua, porque se assim não for poderá haver uma estagnação ou mesmo um retrocesso no desenvolvimento dos atletas. Na formação é necessário pois ter em conta o escalão a trabalhar e dar mais relevo às capacidades que têm que ser mais desenvolvidas.
       Neste particular apresento estes quadros com as maiores incidências:


 Coordenação dinâmica geral

 Coordenação dinâmica específica
   8, 9 e 10 Anos
 Flexibilidade

 Velocidade

 Resistência Aeróbia




 Flexibilidade
   11 e 12 Anos
 Coordenação dinâmica específica

 Resistência Aeróbia

 Velocidade de reacção e execução




 Velocidade de aceleração deslocamento e execução
   13 e 14 Anos
 Flexibilidade

 Resistência Aeróbia

 Força explosiva




 Velocidade de deslocamento e execução
   15 e 16 Anos
 Força explosiva

 Resistência Aeróbia e início de trabalho anaeróbio

 Flexibilidade




 Resistência Aeróbia - Anaeróbia
    17 e 18 Anos
 Velocidade - todas

 Força resistência

 Flexibilidade

                                                                         JR